quinta-feira, 17 de maio de 2012

Mulheres catarinenses estudam mais e têm maior aumento salarial em percentual do que os homens, revela estudo








MÉDIA DE ANOS DE ESTUDO
Gênero/anos
de estudo
PR
SC
RS
1998
2008
1998
2008
1998
2008
Homens
6,32
8,49
6,13
8,53
6,63
8,29
Mulheres
6,21
9,08
6,22
9,19
6,84
9,05
Fonte: Elaboração própria dos autores a partir dos dados da PNAD.
Aspectos avaliados na pesquisa:
• Rendimento mensal de todos os trabalhos (R$);
• Gênero;
• Educação (anos de estudo);
• Raça;
• Idade;
• Condição na família (chefe ou não chefe);
• Horas trabalhadas (somente trabalho principal);
• Condição de ocupação (pessoas que recebem algum tipo de remuneração) e atividade;
• Trabalhador formal e informal.
A remuneração das mulheres vem crescendo mais que a dos homens, em percentual, nos últimos anos em Santa Catarina. Em 1998, mulheres com ensino superior ganhavam um salário médio de R$ 1.391,65, contra R$ 3.236,45 dos homens. Dez anos depois, o salário delas subiu 22%, atingindo R$ 1.701,02, enquanto o deles passou para R$ 2.623,37, queda de 19%. Para as mulheres que têm pelo menos o ensino médio completo, a renda também aumentou. Passou de R$ 528,23, em 1998, para R$ 709,87 em 2008, incremento de 34,3%. Já para os homens com ensino médio, a remuneração, mais uma vez, diminuiu no período analisado, de R$ 1.339,93 para R$ 1.210,17 – baixa de 10%. As constatações são do estudo “Ainda existe discriminação salarial contra as mulheres no mercado de trabalho da região Sul do Brasil? – Evidências para os anos de 1998 e 2008”, produzido por Viviane da Silva Freisleben e Fernanda Mendes Bezerra. A pesquisa está disponível no site da Associação de Pesquisadores em Economia Catarinense (Apec). A base de dados utilizada é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, coletada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para os três estados da região Sul. Foram selecionadas, para o estudo, pessoas entre 15 e 65 anos que recebiam alguma tipo de remuneração por trabalho nos dois anos analisados.
Apesar da evolução nítida do sexo feminino no mercado de trabalho, a diferença salarial entre homens e mulheres ainda é alarmante. Em 2008, homens com ensino superior ganhavam R$ 922,35 a mais do que elas – cerca de 35%. O estudo conclui que essa grande variação não tem uma explicação plausível, o que se caracterizaria como discriminação salarial por gênero. A boa notícia é que, pelo que os números indicam, essa distância tende a ser cada vez mais curta, já que a diferença em 1998 era de R$ 1.844,80 – ou 132,5%.
MAIOR TEMPO DE ESTUDO JUSTIFICA AUMENTO SALARIAL
A expansão da escolaridade é um dos principais fatores que justificam o aumento salarial conquistado pelas mulheres catarinenses nos últimos anos. Enquanto o tempo médio de estudo dos homens passou de 6,13 anos, em 1998, para 8,53 em 2008 (alta de 39,1%), elas tiveram um crescimento ainda maior: 47,7%, passando de 6,22 para 9,19 no mesmo período analisado. O estudo revela ainda que os catarinenses, independentemente do sexo, são mais escolarizados em comparação a paranaenses e gaúchos (veja quadro ao lado).

SALÁRIO MÉDIO EM REAIS, POR ESCOLARIDADE E GÊNERO
1998
Escolaridade
Paraná
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Analfabetos
371,11
70,65
340,37
134,95
316,54
87,53
Fundamental
609,61
162,60
664,64
173,54
618,85
180,76
Médio
1365,34
505,99
1339,93
528,23
1367,81
572,17
Superior
3497,06
1412,83
3236,45
1391,65
3720,48
1639,73
2008
Escolaridade
Paraná
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Analfabetos
552,51
285,26
749,37
498,34
614,56
259,49
Fundamental
866,81
406,77
960,72
443,36
829,88
423,99
Médio
1244,78
677,43
1210,17
709,87
1230,90
727,40
Superior
2818,61
1665,62
2623,37
1701,02
3169,37
1834,51
Fonte: Elaboração própria dos autores a partir dos dados da PNAD.

ELAS QUEREM REALIZAÇÃO PROFISSIONAL

Duas constatações vêm à tona ao se analisar os dados da PNAD que mostram o aumento significativo das mulheres no mercado de trabalho. Primeiro: elas passaram a ter maior força pela necessidade de contribuir para o sustento da família. Em segundo lugar, também houve um aumento do desejo de realização profissional. Estudos da Fundação Carlos Chagas, de 2009, revelam que, em 1976, apenas 28,8% das mulheres trabalhavam. Em 2007, esse índice saltou para 52,4%. Para os homens, essas taxas se mantiveram em patamares semelhantes no mesmo período – entre 73% e 76%. Hoje as mulheres representam 43,6% da população economicamente ativa.
DOBRA O NÚMERO DE MULHERES CHEFES DE FAMÍLIA
O levantamento revela que, em dez anos, dobrou o número de mulheres chefes de família. Em 1998, apenas 11,21% delas eram as principais responsáveis pelo sustento da casa, índice que saltou para 22,99% em 2008. No mesmo período, a evolução dos homens neste aspecto foi bem mais tímida: passou de 58,89% para 62,89%. Um aspecto importante a ser considerado é que, estando ou não no mercado de trabalho, a grande maioria das mulheres realiza atividades domésticas, e mesmo que essas tarefas sejam indispensáveis para o bem-estar de todos os indivíduos, são desconsideradas nas estatísticas.
Matéria publicada em 16/05/2012 - http://www.noticenter.com.br/noticia/?COD_NOTICIA=17151&COD_CADERNO=0

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